Arari no tempo

É a vida

É o caldo

É agua correndo

É a chuva chovendo

É o peixe em piracema

O povo falando

A gente se amando

O frio batendo

Á agua correndo

O filho nascendo

A fonte escorrendo dento de mim

O Rio que corre para o mar

O Mearim abastecendo

E um povo que só nasceu para te amar

É a festa no Club, no Bidoquinha ou no Nema

E os filhos de dona Mundoca

É Benedito, o papo de rola com seu olhos azuis

É Zé Melo

E seu Nena

É a sociedade jogando

O Flamengo de Campos e Casinha

Com Maisena anunciando

Agenor aboiando

E Abel o gado tangendo

É o peixe fritando agorinha

Para nós comer com farinha

É o seu Tonico Santos atendendo

E comadre Socorro ensinando como se conjugar o verbo amar

É Guilhermina benzendo

E Jorge Oliveira e Marcelino Lima curando

E dona Diquinha falando

É o grito e o berro

O velho Dico e Vicente

É Lolico, Constantino e Biné…

É Clodomir, o edificado, rezando e eternizando

O povo votando no padre ou em Biné

É Zé Sampaio anunciando o jogo da vez

E seu Jurandir Ayres autorizando

É a festa da Graça

Bom Jesus e Maria

O fole, é festa, é alegria da gente

De quem nasceu para amar

Sei, não terminei de contar

Mas já vou anunciar que eu amo a gente deste lugar

É professor Rafael com sua bela grafia

E as graças de Luíza: Horácio, Joaquim e Zanone

É a paquera na praça

E aquele ar de sem graça!

E agora eu falo por mim

Pois nunca vi um amor assim

O pé de ferro a torquês o alicate

A vida dura e o embate

A tarrafa velha e o côfo

O tabuleiro na sala

O quadro e o pôster do time preferido

E nosso velho querido a costurar

Por isso aprendi engraxar, pregar e burilar

Ah Arari é essa ânsia de amar

 Nilson Ericeira