a vida inteira tentando juntar posses, ter coisas e, às vezes, esquecemo-nos
das pessoas. Ter as coisas é fundamental para satisfazer algumas necessidades
básicas, mas não são necessariamente essenciais em nossas vidas, da forma que
são essenciais as pessoas.
Todos,
com devidas exceções, queremos juntar coisas, ter casa, carro, – alguns
colecionam, roupas, joias… Outros lutam para ter o mínimo para viver com
dignidade. Por vezes passamos anos lutando para ter um teto onde morar, por
mais paradoxal que possa ser, morem sem ter o mínimo. A injus
tiça, no seu
sentido mais amplo, é patrocinadora da desigualdade.
Deste
modo, entendo que não devemos trocar o ser pelo ter em nenhuma hipótese. Quando
fazemos a opção preferencial pela matéria em detrimento das pessoas é porque
beiramos à desumanização e à esterilidade. Não que isto não traga prazer, o
traz, mas de forma passageira e sem essência. De outro modo, há os que enxergam
o outro como parte das suas relações e prezam pelas relações humanas,
procurando ter uma vida justa e humana.
Não
que exista algum mal em ter bens matérias, entendo até que faz parte da vida,
porém, a substituição de gentes por coisas é a depreciação mais cruel que uma
pessoa pode ter. É que existem pessoas que querem ter lucro em tudo. Isto gera
a desigualdade e até a desumanidade.
E
como ficamos tão felizes ao conquistarmos o bem que desejávamos há algum tempo!
É bom o ter na medida da proporção de nosso labor, fato que não desagrega. De
outra forma, quando alguém tem posses, pois fruto da exploração e da ganância,
em certa maneira, ajuda ou mesmo é parte da pobreza gerada na terra.
Ressalto
que não escrevo meus textos na condição de dono da verdade, mas são partes da
minha biografia e impressões de mundo. De igual forma, não corroboro com os que
exploram, por mais bem apresentadas que possam ser suas faces.
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