Arari no caminho do Lago da Morte

Canta socó

Dói no pé uruá

Tiririca arde em risco

Êta frieza insuportável!

Cantata da passarada

Rompe aurora

Num silêncio sombrio.

 

Tarrafa velha no côfo

Já quer se molhar

E no Lago azul

Abrir-se e tarrafear

Em piabas em piracema.

 

Tranqueira da vida

Confunde-me

Num lago

Lago que me torna

Ilha

Mas é um oceano de amor.

 

Pés no chão

Rompem bolões

Em terra seca que dói

No pé, racha uruá.

E os mesmos pés de volta

Volta a ser eu mesmo

E caminhar

E conversar

Cantarolando…

 Nilson Ericeira