Um elogio à loucura I!

Hoje
eu resolvi me elogiar

Ir
além do que meus olhos veem

Do
que meu coração sente

Do
que meu ser pressente

Pareço
não falar de mim

Escondo-me
entre os meus próprios escombros

Resolvi
tecer elogios próprios

Não
me encontrei, mas devo ser eu

Por
isso, autofagia, consumição, aflição…

Elogiar
a mim é tecer meus próprios fios

E
remexer o meu vazio

Ser
lúcido e louco

Ser
débil e forte

E
ser o devaneio do estado de um espírito

E,
então, como falar de alguém que não se conhece

Temperar
o próprio tempo, medir o ócio!

O
que fazer se não consigo ver virtudes

E,
se, na minha perfeição, a grandeza da imperfeição

Olhar-me
no meu próprio espelho

Buscar-me-ia
nos reflexos dos meus espelhos

Não
contei estrelas, pois não dou conta

Mas
espero passar o tempo com certezas e incertezas

Com
isso, um cérebro frívolo

Um
riso, umas lágrimas, uns caminhos

Amores
e desamores

Mas
nunca hostil ao convívio

Pois
sem o ser, nem um louco eu seria

Nilson
Ericeira