Poetização ou um labirinto

Poetização ou um labirinto

Resolvi me iludir todos os dias

Todos os dias amanheço mais jovem

E anoiteço anotando coisas

Algumas de minha própria lavra

Outras, do mundo

Umas dos mundos que crio

Outras no que existo

Noutras, de tudo que dou existência

O certo que nesta idade,

ainda procuro novos caminhos

Adoro as flores, algumas as tenho comigo

Tanto é que semeio-as todos os dias

Por vezes me pego sentido a essência delas

Mesmo que simbolicamente

Mas dizem que todo poeta é um fingidor

Nem se importam quando inventam

Tato é que inventam mundos

E saem assim, nas asas da vida

Procurando coisas, buscando gentes

De nada mais me admiro

Mas ainda me admiro do sorriso dela

Pois passante e passageiro

Mas que me pegou no coração

Porém, sei que o tempo nem sempre seguro

Ainda que estenda as minhas mãos!

Então, prefiro me iludir comigo mesmo

A acreditar em certas gentes

Mesmo que com melódicos discursos

Pois uns vermes bem embalados

Melhor seria reproduzir meu discurso interior

A ter que ouvi-los, conviver, apertar-me neste elevador

A ilusão me toma

Vivo num labirinto nem faço graça em sair

Prefiro-me reprodutor de mim mesmo

A ter que copiar ‘generosidades’ dos que se enfeitam para fazê-las

E se um dia, me deslocar

Acho que continuarei indo ao encontro de mim mesmo

Nilson Ericeiira