O semeio…

O semeio…

Acho que sou um semeador

E nem demonstro as dores que deveras sinto

Omito ou minto

Talvez por que das sementes que trago

Invisíveis para tantos

Visíveis aos olhos da fraternidade

Portanto semeio só

Sinto solidão, mas irrigo o coração todos os dias

Eu grito e não sou ouvido

É que os ecos ressoam em mim

Aflito, observo, percebo, entristeço

Que a ganância tem asfixiado muita gente

E o egoísmo, afogado

Porém eu contemplo e agradeço pelos dias de vida e semeios

Mesmo que com tantos obstáculos

Dificuldades que perturbam até a minha alma

Se eu não fosse um semeador de esperança

Não teria superado a fome, o frio e incompreensões

Talvez, antes de pegar as minhas sementes

Eu seja antes um andarilho

Ou um sonhador solitário

Daqueles tão invisíveis aos olhos e corações alheios

Um estorvo andante

Mas eu trago as sementes do amor

Maturam em mim com o tempo

Porém, eu sei que eu tenho envelhecido

A minha cara é a denúncia

A minha essência o meu brio

Mas as minhas sementes me têm renovado

Com isso, eu abro os braços para os humanos

E nem percebo de onde vêm e para onde vão

O que me interessa é achar corações que se harmonizem com o bem

Em terrenos umedecido pelo amor

E na minha imperfeição, semeio subliminarmente mais sementes

Sabendo que o que é invisível aos olhos humanos

Mas não passa despercebido para Deus

Nilson Ericeira