Na ilusão dos meus versos – Ou quase um gramaticídio!

Na ilusão dos meus versos

Ou quase um gramaticídio

Ilude-me

Me ilude vida minha

Ilude-me no compasso do tempo

Pois iludir-me-ei por toda a minha vida

Descabida e sem sorte

Nem me notaram existir

Por mais que me dispusesse amar

De solidão penei

Em penas minhas

Varando noites

Trocando dias e noites em pernoites

No meio de uma ilusão descrente

É que me iludir fazendo versos

Declarando-me

Me iludir

Ilude-me a vida inteira

Nem pela metade fui assistido

Sem paleia, curtidas e públicos

Mesmo que de amor prometido

Solidão beira a minha vida

Do mesmo modo que as marés enchem

Beirando ao céu e a terra eu vivo

Não me despeço sem que antes me critiquem

Pois de ênclises e mesóclises

Estou cheio

Mesmo que duvide que em sã consciência não saiba pô-los

Pró-nomes, nomes…

Mas antes me comunicar comigo mesmo

À deriva de regências

Pois o mais importante é externar o que sinto

Assim do mesmo modo da minha mesóclise

Amar-te-ei por toda a minha vida

Ainda que em solidão

Pois, pois é amor o que sinto

Nilson Ericeira