Um país de costas

Ainda submergimos a fomes

De saberes

Pensares

Carências

Orgânicas

De paliativas alguns vivem

Sucumbimos nos degraus da vida

Sem teto, sem alimentação, sem cidadania

Somos uma legião de famintos

Mas a nossa sede maior é por justiça

Pois cidadãos de última classe

Com frio, conformados, sem nada

Somos uns párias

Somos milhões

Ainda assim, elegemos, exaltamos

Ratificamos a dor

A pior desgraça,

a indiferença

Somos uns militantes sem causas

E o que é pior,

nossos ídolos!

Assistimos ao mal com graça

A nossa fome não é só de comida

Mas do que vem da ação humana

Nilson Ericeira