Confissões ou inconfidências

Vou
ao encontro e desencontro de mim mesmo

Minhas
bases são pegadas que eu mesmo fiz

Embora
não as houvessem projetado

Deixo
marcas, faço ‘sulcos’, trajetórias que não alcanço

Talvez
por isso o meu cansaço e tédio

Sou
um produto de mim mesmo

Eu
sou a desilusão do meu próprio ego

Sou
um filho da carne fraca e desejosa

Mas
nem tudo em mim é decepção

Eu
tenho um coração

Deus
queira que outros caminhos não se fechem

Vejo-me
em labirintos

E
por não ter mocidade e de juventude deixadas em ideias

Esquecido
pelos que se projetaram

Os
objetivos deles não eram os meus!

Vou
traçando linhas, fazendo meus versos pobres

Pois
me servem de alento

Ainda
bem!

Sou
um moribundo no meio de folhas falantes

Umas
tão sonolentas quanto o meu ímpeto de encontrar caminhos

E
passo a vida num autoexílio proclamado por uma tal ‘ideologia’

Um
dia alguém me havia falado que: ‘ideologia’ não alimenta a barriga

E
ser fraco não sente alegria nela que, de tão camuflada, não se vê

Pobre
de mim que sobrevivo a me alimentar de sonhos

Mas
enquanto o invisível não me elabora noutras cenas

Caço
caminhos, desço ruas, entre em becos…

Porém
não há que se preocupar, pois fui eu mesmo quem deu os traços

Nilson Ericeira