À beira de um lago virgem
Despido de Estado
E em estado de pobreza
Nus de cidadania
Despidos de direitos
Afugentados da justiça
Paridos de amor por Arari
Pai, filhos…
Alguns da prole
Mato verde, capo virgem,
Caturros, muriçocas, maruins, mutucas…
Lá de longe, viam-se garças
Sericoras, socós, bentivis, abutres…
Os peixinhos na maresia
E martim-pescador
No silêncio do tempo
Vento frio a quebrar costelas
Queixos trêmulos
Meninos descalços avançam
De côfo no cós
Tarrafinha matreira
Pobre homem
Futuros homens
Aos poucos íamos desvirginando o Lago
O Lago da vida
O lago da sorte,
o Lago da Morte
E já, de boia pronta
Seguem o caminho inverso
Pois sem a tripa cheia não morrem
E, no céu, aos pouco um novo dia se mostra
Apaguem a lamparina
Pois é hora de se despedir
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