Amor eterno em ondas de pororoca

Hoje mais uma vez pororocou em mim amor maior

E me disse:

Se em verso eu te decanto

E do teu amor faço meu canto

De saudade tua o meu pranto

Pois só encontro amor em ti

És uma saudade incontida,

essências de angélicas e margaridas

És a flor mais bela que Deus plantou em
mim

E assim, serei poeta de um verso forte

Nem sempre conformado, nem mesmo para
satisfazer

Pois se um dia sair deste exílio, mas é
em ti que sei vou morar

Arari é o meu céu de encantos

De flores em parição, alma nobre do meu
coração

Minha dor, alegria e vertigem

Meu amor fonte da minha vida

Minha morada, doce e especial guarida

Terra de gente aguerrida, mas de uns
desertores

Que vivem a se alimentar das tuas crias

E com bocarra cheia de dentes vivem a
esnobar

Oh minha eterna namorada!

Logo vou à porta colocar eu meu mochinho
por lá

E prosear, quando me faltar, logo começarei
a inventar

E então se abrirá em mais um verso do
meu coração

Ah minha cidade querida que Deus me deu
para amar

Em anedotas, versos ou prosas, sempre
te descreverei

E muita coisa ainda haverei de anotar

Mas sei ser impossível, pois sei que as
tuas águas correm pro mar…

E lá na baia, quando teu amor decantar

Em pororocas, outra vez voltará pra cá

E lá no Curral da Igreja na barreira
vamos te esperar

E vamos gritar bem alto até lá no céu
Deus alcançar

E ecoar: Arari eu te amo!

Arari, ara ali, na minha cidade que o
Pai me deu para amar

Então, eu te vejo, eu te escrevo, eu
denuncio, anuncio e ‘melancio’…

Ao ponto de fitar meus olhos e ouvidos para
o som e imagem da pororoca

Mas apelar para que as autoridades não
esqueçam de lá

Pois ali, nem só de pororoca vivem as
pessoas daquelas bandas

Mas mora gente que sulfa na onda da
exclusão social

Por vezes como um desigual

Nilson Ericeira