Sou
um riscador de papel
É
quer vivo a riscar papeis
Não
sei se vivo ou morto, vivo
Exerço-os
Vivo
a sujar de tinta uns papeis
É
certo que já os borrei de sangue,
De
dor, desilusão, desamor e lágrimas
Já
me pus em caminhos esmos
Já
cheguei ao fim e recomecei
Já
me encontre e me perdi
E
já fiquei num labirinto de espelhos
Aliás,
sou o criador, o personagem, a cena,
a
produção, os atores
O
papel, a tinta, a caneta, rascunhos
A
tela, o teclado, o mundo
Um
à toa no mundo
Ou
melhor, os mundos
Vivo
a dedilhar
E
dedilho tão completamente
Que
mais pareço um demente
Assim
faço as minhas estradas…
E
vou enxugando lágrimas e sarando feridas
Às
vezes lágrimas de crocodilos
Por
vezes sou um ser um planetário
Uma
pessoa de todos os lugares e de lugares nenhuns
É
que vivo do imaginário
Tenho
o privilégio de ir a todos os lugares sem nunca ter ido
De
realizar meus sonhos, beber da fonte e ainda multiplicar os pães
Então,
te peço licença para riscar, rabiscar, pintar e concluir
Pois
não, o inacabado não se conclui
Apenas
pede um tempo
Ericeira
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