Poema auto biográfico

Sou
um riscador de papel

É
quer vivo a riscar papeis

Não
sei se vivo ou morto, vivo

Exerço-os

Vivo
a sujar de tinta uns papeis

É
certo que já os borrei de sangue,

De
dor, desilusão, desamor e lágrimas


me pus em caminhos esmos


cheguei ao fim e recomecei


me encontre e me perdi

E
já fiquei num labirinto de espelhos

Aliás,
sou o criador, o personagem, a cena,

a
produção, os atores

O
papel, a tinta, a caneta, rascunhos

A
tela, o teclado, o mundo

Um
à toa no mundo

Ou
melhor, os mundos

Vivo
a dedilhar

E
dedilho tão completamente

Que
mais pareço um demente

Assim
faço as minhas estradas…

E
vou enxugando lágrimas e sarando feridas

Às
vezes lágrimas de crocodilos

Por
vezes sou um ser um planetário

Uma
pessoa de todos os lugares e de lugares nenhuns

É
que vivo do imaginário

Tenho
o privilégio de ir a todos os lugares sem nunca ter ido

De
realizar meus sonhos, beber da fonte e ainda multiplicar os pães

Então,
te peço licença para riscar, rabiscar, pintar e concluir

Pois
não, o inacabado não se conclui

Apenas
pede um tempo

 Nilson
Ericeira