A obstrução

A obstrução

Excelências por favor!

Excelências, anistiem-me

Ou me silenciem com emendas fora da quota

Não importa se subrreptícias

Mas coloquem as minhas emendas

Tomem nota, eu sou mais um do povo

Eu não aceito me colocarem na vala da corrupção e mediocridade

Já fui há alguns anos atrás

Puseram-me na vala dos imortais

Sem gente, sem vela, sem vacina, sem dor…

Daqui não saio ninguém me tira mais

Deram as costas para Brasil
Uns patriotas, cristãos, irmãos, políticos…

O que eu fiz para merecer cicuta?

A minha oração não é para os homens

Se não falo em línguas estranhas

Mas na linguagem do Pai

É para Deus!

O mesmo que rejeita a corrupção

Vivemos numa Nação de valores inversos

O parlamento excelências, está nu

Agora, uns nus morais me condenam

Embora circulem com seus ternos esnobes

O povo pena, tenho pena do povo

Pois ratificam a desgraça o humana

O voto vale o povoamento de um congresso sem escrúpulos

Há exceções, excelências

Mas estas não dão quórum

Enquanto isso, perduram injustiças gritantes

Dão-me o último nó na gravata

Ou melhor, centenciam-me

Enforcam-me

Porém levo comigo convicções

Servir sem ser serviçal

Mas sei que semeei em abundância

Colheremos no tempo da história

Isto para quem tem memória

Uma aparte, excelências

Já é tarde, a sessão já expirou

Nilson Ericeira