Fio a fio

Fio a fio

Eis que um brilho silenciou-me.

Eis que uma umidade me molhou,

Eis que vagarosamente um calor emergiu.

Um fogo em mim me implodiu.

E silenciosamente um mundo em mim encobriu.

Um amor mais que perfeito me silenciou.

Na minha contravenção me despertou.

E no pretérito tudo em mim reminiscência.

Eis que na minha imperfeição declarei.

Amor que por ti silenciei.

E vaguei vagueando, viajando, sonhando…

Em que as noites frias e doloridas em mim viraram sina.

Daquele amor que outrora me aqueceu.

Cinzas revolucionaram fraquezas de um pretérito.

E no tempo e no espaço calei em mim dores terríveis.

Eis que de igual maneira,

num novelo de fio sem pontas.

Vaguei tecendo fio a fio os meus desencontros.

Ilusões e devaneios de amar.

Mas mesmo assim te trouxe de volta pra mim.

Naquele mesmo brio que me silenciou.

A fagulha desse amor incontido.

O mesmo corpo que me faz doer os ossos.

O mesmo calor que outrora me aqueceu.

E no presente, o mesmo amor que me dá vida.

O loci que sempre me guardou.

O teu coração que sempre me pretendeu.

E no som as batidas de mim.

Pois sou feliz por te amar assim.

Nilson Ericeira