Páginas da minha vida I

Por Nilson Ericeira

Páginas da minha vida I

Morei exatos 16 anos de república (casas alugadas para estudantes ou outros fins lícitos), por todo esse tempo absorvi ou aprendi alguns costumes. Alguns deles são muito bons, por exemplo, quando me mudei de Arari para a capital São Luís, só tinha uma mala, ‘emprestada pelo irmão’ Riba. Esta mala me servia de tudo e quase tudo que eu precisava estava em algum compartimento.

Por isso que tenho certeza que não sou uma pessoa fácil na minha convivência e dou toda a razão a quem discorda de mim, preferindo-me num monólogo próprio, ou num diálogo de mim comigo mesmo!

Dessa fase da minha vida, acostumei-me ter sempre meus objetos de uso diário bem próximo do espaço que fico maior tempo. Assim, é na minha biblioteca e tudo que uso: canetas, papel, marcadores de texto, computadores e livros, além do impertinente celular com desconhecidos me ligando de exaustivamente, sem que eu nunca tivesse contatado com tais figuras.

O celular, para quem não sabe usar, é maléfico e chega a ser danoso. É só observar do seu lado que, têm algumas pessoas que deixam a impressão que não fazem mais outra coisa, desconhecendo e até ignorando quem lhe pode abraçar de corpo presente. Mas se fosse só isso até que passaria, mas o celular do ‘possesso’ não tem juízo, pois inanimado, levando o seu possuidor ao mesmo estágio. Com uma diferença, a pessoa responde por tudo que posta.

Mas não é disso que eu quero falar. O meu mote é o meu aprendizado deixados ou perpassado pela família e da república durante os anos da minha vida.

Noutro momento – Assim que formei em Comunicação, ganhava um salário um pouco maior que o mínimo, então fui trabalhar na feira, contexto em que reconheço e sou grato aos meus irmãos e minha esposa que me ajudaram a superar uma das fases mais desafiadoras da minha vida laboral. Ali tínhamos uma rotina de segunda a segunda ou se preferirem, de domingo ao domingo, pois todos os dias teríamos que expor abrir o box (loja), expor produtos e colocar o tabuleiros, além da abordagem específica ao cliente. Criei manual de abordagem, uma apostila de Língua Portuguesa e ‘dei aula’ na rádio comunitária da feira (caixinhas de som), passando um pouco do meu aprendizado, aos feirantes e fregueses que ali frequentavam.  Era muito divertido e saboroso para mim, pois degustei de uma pretensão egocêntrica talvez!

Achava-me o cara! Olha só!

Tecendo estas linhas, lágrimas me vêm aos olhos, talvez lágrimas antigas de uma luta que me honra muito, mas que me causou sofrimento e até humilhação. Lembro-me também que estudava e lia os jornais em cima dos tabuleiros, vez ou outras passavam curiosos e até inquiridores, no que eu explicava da minha formação acadêmica, com um orgulho que me enchia completamente, ou melhor, preenchia-me. Sentido em que ajudei algumas pessoas a formarem grupos de estudo e enfrentarem vestibulares e outros concursos. Raramente vejo algumas delas, que são enfáticas no agradecimento pela orientação.

Como tenho absoluta incapacidade de ser hipócrita, às vezes me batia uma frustração. Certamente uma falsa percepção da realidade, pois Deus nunca me deu nem mais nem menos do que eu mereço. E isto não é conformismo.

É bom que saibam e compreendam que não estou dizendo isto por orgulho estético, pois não preciso nem me permito provar nada para ninguém. O faço como forma de registro e que, de alguma forma, eu possa contribuir com as pessoas do mundo.