Salvo engano, o teatro tem a ver com a representação, algumas vezes, penso que vivemos a representar.
Pensando bem, lembrei-me de um amigo lá da casa dos estudantes, o amigo é de Codó, uma importante cidade do Maranhão. É que quase todos os dias Bráulio saia à procura de emprego, chegava exausto e faminto, do mesmo modo que a maioria dos outros colegas. Porém, sempre alegre e usava a seguinte frase: “a vida é um teatro e cada qual apresenta a sua peça”. Era voz corrente de todos os dias.
Eram gargalhadas e mais gargalhadas, parecia rir de si mesmo e de todos nós.
Um dia ele enviou uma carta à ministra da educação da época e conseguiu um emprego. (Mas este episódio eu narro depois)
A ilustração tem e não tem a ver com o que quero apresentar, pois do meu modo de perceber, uma reflexão.
Mas como podem de finos ratos ou vira-latas virarem pessoas de boa índoles e morais? Quem responde não sou eu nem você, mas os atos, as apresentações, a exibições num teatro sem a menor graça, pois exibem-se com o que até os que lhes dão apoio sabem que não lhes pertencem! É só perguntar para mais recente desmamado!
Do mesmo modo, como é possível um ser humano de hostil, mesquinho, corrupto a olhos vistos, desmoralizado, incompetente e com muito mais defeitos, de uma hora para outra, como que num passe de mágica, por meio de um ‘marketing’ revolucionário, virar um ilustre administrador, com todas as qualidades que qualquer munícipe sonha ter!
Talvez seja a implacável certeza de comprar o povo com os seus próprios recursos, salvo engano. Penso que aqui não cabem carapuças.
Não é teatro, não é só representação, é cinismo.
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