Acordo todos os dias pensando em ser melhor
Juro que ajo assim
Mas nem sempre tenho progressão
Quando menos imagino, sou absorvido
Pela máquina do tempo
Por marketing mentiroso e lavado pelo sangue das crias
Ainda que não me permita me contaminar pela permissividade dos homens
Ainda assim, meu corpo é falho
Meu espírito é triste
É que vivemos o tempo todo ditando regras,
umas absurdas, outras transgressoras de nós mesmos
Os poetas, por exemplo, sobrevivem ao labirinto de muitas controvérsias
São, com raríssimas exceções, transgressores do mundo feito
Vive criando mundos, mesmo que não aceitem perfeito o próprio mundo
Ser um ser controverso talvez seja não admitir vaidades materiais
Mentiras douradas do mais belo
E da palavra ‘mais doce’
E denunciar o tempo inteiro os herdeiros do que não é deles
E mais, sagrar-se sagrado por meio do patrimônio
E alongar, ou melhor, apressar-se para chegar sempre à frente
Enquanto a maioria, em míngua, mingua
Ora senhores, se ser controverso for compadecer-se da dor alheia
Eis aqui meus versos controversos paridos fora do cárcere meticuloso dos hipócritas
Se for a parcimônia dos corruptos ou do silenciar dos seus colaboradores
Os mesmos as mil faces que eles têm
Pois as usam conforme a ocasião
Ser controverso, então, não é só enxergar
Mas arregalar bem os olhos e nunca ofuscar a verdade
E a verdade é uma só, estão roubando o nosso povo
Podem anotar: mentiras recheadas!
Então, para dizer que não caminhei em linha reta
Digo-lhes que o roubo não só é apoderar-se de coisa alheia móvel ou imóvel
Mas ceifar a vida e negar a esperança dos seus verdadeiros donos
Assim, sobrevive uma gente sem perspectivas…
Então, acho que sou mesmo controverso
Nilson Ericeira
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