Meu cantinho
Meu silêncio é punhal cortante
Em gumes
É que num cantinho de mim aceito tudo
Noutro, é repulsa
Num cantinho só rio
No outro lágrimas
Desaguo…
Em mim, oceanos…
Num cantinho de mim, segredo
No outro, inquietudes
Em outros, ecos do meu coração
Assim vou me absorvendo pelo tempo
No canto silencioso do meu coração
Na fala muda
Nas agruras não ditas
E me dilacero nos dias da minha vida
Buscando o que sei ser impossível
E fazendo do fim o começo
Como num quebra-cabeça ilógico
Ou num labirinto qualquer
Meu cantinho de solidão
Mas invisível aos invisíveis e insensíveis
Ainda bem que dialogo comigo
Mesmo que em línguas diferentes
Quando eu e eu não sou eu
Pois vivo num paradoxo
Entre o amor e a incompreensão
Quisera ser um ser normal
Talvez assim, estéril seria
Mas ainda assim amaria
Pois o amor é a vida em composição
Então, voltarei para o meu cantinho obscuro
Aqui só quem me ver sou eu mesmo
Na face que eu quiser
Nilson Ericeira
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