Senhores nobres,
Escutem-me, mas não leiam meus versos
Pois nem eu mesmo aprecio
Recomendo-lhes que leiam outros
Pois com estrumes
Pois as duras penas ‘me eduquei’
Faminto e solitário
Só, sozinho…
Com uma panela velha e uns bifes avermelhados
E uma formigas ladras e ligeiras
Pobre poeta que nem nutre o apelido
Mas mais estou para calafete de sonhos que burilador de letras
Ora meu cérebro escanteio,
ora fora de órbita
Lunático, hilário…
E em mundos…
Céus e planos
E sonhos incontidos
Imundo e pobre navego em águas rasas
Ainda que me esforce,
não chegarei aos pés nem a estética dos verdadeiros penas
Pois sou um pobre e moribundo que busco alento em fonte seca
Mas que sabe se inundar em lágrimas
De tudo há, pelo menos uma virtude,
Não me iludir na minha embarcação
Faço versos como um marinheiro que preserva sua provisões
Então, nesta vida velejo
Puxo água, meto remo
Em tempestade sigo, juntando letras tortas
Como quem se alimenta delas
E no cérebro vazio, defeco
Nilson Ericeira
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