Arei meu ser II

E na manhã do primeiro dia
Era 1962…
As águas corriam
O casebre chovia
E alagava
Na mesma proporção que alargava
Portas de ‘meançaba’
Jirau de talos
No chão, a lama escorria…
No cato da sala, tarrafas, côfos, chumbos
Tranqueiras da vida
Na sala grande, corta-bico, torquês, martelos…
Espiados pelo Bota campeão
Nas poucas paredes completas,
Besouros, gaiolas, retratos, buracos…
Ali vaziamos nossas estações de rádio
E nos comunicávamos com o lúdico
Em caixas de fósforos vazias
Zumbiam, sintonizávamos
E nas manhãs e tardes de todos os dias
Eternamente
Arari em mim
Ah, arei meu ser assim
De berros e gritos
De risos e choros
Retinia em mim não as marteladas
A pobreza
Aos poucos o caixa do tabuleiro velho abastecia
Na porta, Nossa Senhora nos guarda
E protegia…
Perpetuaria, abraçaria, salvaria
Assim arei a vida
Aramos nós seis…
Que éramos oito
Somos quatro
E seremos um
Na tarde do último dia
Jaz…
Nilson Ericeira
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