Meu ativismo de infância

Bola, peteca, tampinhas, pega-pega

A pelada

Boca de forno

Onde eu mandar

Tudo que vai e vem

Cachorro moquém

E guardarás na lembrança

Carteiras de cigarro, chuchu e rodas

Salve a latinha!

Meu cavalinho de talo

Meu carrinho de mola

Minhas estradas da vida

E a lanchinha no porto

Na rua, o caminhão carregado

Ecoa então, dentro do meu coração

Açúcar não, patrão!

E tamarineiro velho sóbrio

Lá em cima passarinhos no ninho

Esconde-esconde viu!

Pipiras, papas-capim,

caboquinhos e bigodes

Eu na porta garboso com meu relógio de palha

Minha porta cédula cheia

Meu aviãozinho…

Minha andorinha matreira

Com barquinho de papel à deriva

E meu papagaio no céu de Arari

Lá longe, minha fazenda de ossos

Ao lado um tratorzinho de carretel

E João Teimoso de isopor que a tudo observava

Esnobe e esperando viagem,

Uma lata de sardinha com suas rodas de borracha

E num sabugo, as meninas bem penteadas

Com uma família inteira entre laços

Pois de uma folha de papel,

A prole

E em talo de picolé,

a casa de fósforos cercada com porteiras e tudo

Um rio feito de saudade

No mar do meu coração

Assim, a minha infância

Oceano em mim…

Nilson Ericeira