Divagações II

Às vezes eu sinto vontade de ser maior que meu corpo.

Ser maior que meus sentimentos

e bem maior que minha alma.

E na transcendência ganhar asas

e viajar no tempo e sem ter lamentos.

Não pousar sem que anuncie pretensões minhas

de ser bem maior que mim mesmo.

Mas sei que isso se explica ao tentar fugir de mim mesmo

e negar amor e me fazer menor.

Já tive até vontade de ser o céu com estrelas

ou em solidão de noites sem brilho.

Ser a imensidão que não cala meu coração.

Às vezes eu fico a imaginar o que seria de mim

sem essa obsessões e devaneios.

Penso que até apressaria a minha morte

e me julgariam um ser sem sorte.

Mas eu sou gente e gente que transpira,

demonstra e quer amar.

Amar nem que seja na última viagem que partira.

Ou mesmo nas estações de mundos meus tão confusos.

E se pudesse ter a certeza de que voaria,

seria colibri e batia asas…

Assas ao encontro de mim mesmo

e me satisfazer com o teu abraço.

Eu sei que ainda me impulsionarei nas folhas do tempo

e regarei esse sentimento tão especial.

E serei o calor do teu corpo, a face da tua face

e olhos a procura de mim mesmo.

Num dia qualquer me farei viagem, terei miragens,

e até terei a impressão que pousei em ti.

Silenciarei teu coração pra te dizer o que saber, te amor!

Declamarei poemas de tantos que esmerilam

e burilam palavras como um doce.

Talvez o doce do olhar, do sentir e do amar…

Nilson Ericeira