Às vezes eu sinto vontade de ser maior que meu corpo.
Ser maior que meus sentimentos
e bem maior que minha alma.
E na transcendência ganhar asas
e viajar no tempo e sem ter lamentos.
Não pousar sem que anuncie pretensões minhas
de ser bem maior que mim mesmo.
Mas sei que isso se explica ao tentar fugir de mim mesmo
e negar amor e me fazer menor.
Já tive até vontade de ser o céu com estrelas
ou em solidão de noites sem brilho.
Ser a imensidão que não cala meu coração.
Às vezes eu fico a imaginar o que seria de mim
sem essa obsessões e devaneios.
Penso que até apressaria a minha morte
e me julgariam um ser sem sorte.
Mas eu sou gente e gente que transpira,
demonstra e quer amar.
Amar nem que seja na última viagem que partira.
Ou mesmo nas estações de mundos meus tão confusos.
E se pudesse ter a certeza de que voaria,
seria colibri e batia asas…
Assas ao encontro de mim mesmo
e me satisfazer com o teu abraço.
Eu sei que ainda me impulsionarei nas folhas do tempo
e regarei esse sentimento tão especial.
E serei o calor do teu corpo, a face da tua face
e olhos a procura de mim mesmo.
Num dia qualquer me farei viagem, terei miragens,
e até terei a impressão que pousei em ti.
Silenciarei teu coração pra te dizer o que saber, te amor!
Declamarei poemas de tantos que esmerilam
e burilam palavras como um doce.
Talvez o doce do olhar, do sentir e do amar…
Nilson Ericeira
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