Carta a um amigo III

Querido amigo,

Sei que você não está mais entre nós, pois muito cedo Deus o chamou para morar ao lado Dele. Mas quero que saiba que guardo os momentos maravilhosos da nossa infância na nossa cidadezinha.
Escrevo-lhe esta carta como uma das formas de demonstrar do meu amor por você e, também, de registrar que a importância que tivera e tem na minha vida.

Amigo, lembro-me quando você chegou à nossa rua. Logo percebi que era muito bom de bola e demonstrava isto fazendo embaixadas ou outros fundamentos. Dali em diante não nos desgrudávamos, em tudo que eu ia fazer, na sua opinião verbalizada, eu era sempre o melhor! Você encontrava valores em mim que eu sei que não os tenho, depois comecei a compreender que a luz e visão de quem ama é diferente do senso natural das coisas.

O amigo não vive em estado natural, vive o amor! Espero que ao ler estas poucas linhas, leve ao conhecimento do nosso Pai, o quanto você cativou e amou as pessoas aqui na terra. O quanto você nos enchia de alegria com suas brincadeiras.

E de igual maneira, sinto-me um privilegiado por ter gozado de sua amizade. Fizemos muitas coisas jutos, até poemas ou composições musicais! Ali, na nossa rua, onde ficávamos horas e horas chutando a bola no muro da escola! Ali onde a flores e folhas dos pés de figo se misturavam com rara piçarra da rua. “Então, chuta de novo, vai lá que você é bom”, bradava você todas as vezes que eu era o ‘dono’ da bola!

Lembro-me ainda, quando falei da minha vontade de vir estudar em São Luís, o quanto você me incentivou, pois ‘achava’ que eu iria ter um futuro melhor! Era um amigo que sonhava junto comigo, um irmão. Meu querido amigo, nunca deixamos de nos comunicar e você, quando eu ia a algum lugar me pronunciar como agente político, lá você estava para ver e escutar o que só um amigo grandioso da sua forma ver.

Aqui, metido a escritor e poeta, vendo coisas que só são objetos da minha percepção, tentei escrever em sua homenagem já algumas vezes, nunca conseguir, pois me inundo em lágrimas, descontrolo-me e choro. Depois da sua ida, é a primeira vez que escrevo sobre nossa união. Esta carta além da mensagem, agora me serve de fuga ou de um desabafo necessário.

Espero que Deus o guarde e cuide da sua alma de pessoa do bem, que soube ser amigo, ser pai e irmão na verdadeira essência da palavra. Certamente outras pessoas lembram de você com igual teor, pois você aqui semeou boas sementes e soube ser alegre e feliz.

Por fim, saiba que satisfaz o meu coroação e aminha alma poder dizer que conheci uma pessoa de coração generoso igual a você. E mais, nada apagará a nossa amizade.

As linhas parcas e mal traçadas agora dão vazão à emoção, e do que tenho evitado meu olhos já me denuncio, cabendo apenas dizer: eu te amo!