Meu rio passageiro
Passante, presente e futuro

És eterno em nós de nossos netos a avós
Rio da margem do teu leito
Bebo do teu leite
Saboreio das tuas crias
Me enlameio com tua lama
E dentro de mim uma chama
Que me faz lembrar de tantos passageiros e marés
De mandis mandubés
Por ti passam passarinho que avoam
Passam gentes e enchem marés
Uma fonte que banha cidades e pessoas
Faz a vida nascer e as alimenta
No meio de ti corre o mururu
Em terra firme as tuas margens verdejantes
Eu com os meus olhos brilhantes!
E a vida de alguns passantes…
Oh meu Rio Mearim!
Nosso rio que ainda belisca ‘centinas’ fétidas
Lava a tua barreira e empurra pro mar
Que não percamos a esperança de sempre te amar
E se nos leva para o golfão
Na barreira uns pés de algodão
Antes, alaga os nossos corações
Ah meu rio passageiro
Não tenha pressas de te dar com o mar
Pois o nosso povo te tens para amar
Então, anuncia tuas crias…
Em piracema aos montes que tu ensinas a nadar
E de nadadeiras, canôas, igarités, barcos a vela…
Ou as lanchinhas que até hoje nos permitimos escutar
Meara então o meu coração
Irriga meu peito para que eu grite bem alto
E deixe o teu eco levar…
E, assim, meara em mim
O meu Rio Mearim que corre pro mar
Pois permita Deus que nosso povo te saiba preservar
Arde agora uma sede
Deve ser vontade da tua água tomar
Antes que a pororoca chegue
Vou o meu barco ancorar
Nilson Ericeira
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