Tratando das minha feridas! Ou saindo do escombro

Tratando das minha feridas!

Ou saindo do escombro

Por vezes sangro igual água no nascedouro

Por fora o riso, os trejeitos

Por dentro a sangria de um coração

Imperfeito, viro oceano e me derramo em mim mesmo

Afogo-me nos meus devaneios

Alheio e só, procuro-me na passagem do tempo

Na simbologia das flores

Ou nos abraços amigos

E log percebo que uma parte de mim já ficou com o tempo

A outra me procura o tempo inteiro

Pois sou fruto desta imperfeição

Por vezes penso que não sou nem a moldura do meu próprio retrato

Sou o próprio destrato dos meu contratos materiais

Vivo a sangrar no meio da vida

E sei que já subo a escada do Pai

O que me sangra mais não são as minhas próprias feridas

Mas as advindas de outrem

Pois o homem moderno é um tremendo cafona

Ilude-se com os dedos e se esquece do cérebro

A impressão que tenho é que não há mais o rio que passa

Nem a sua água importa nadar

Nem sei se fiz ou desfiz outros caminhos

Se pus espinho ou a composição da essência dela

Pois agora mesmo devo juntar meus escombros

Reerguer no que eu puder o meu próprio destino

E perceber se lá há alguma parte de mim

Mas se for com feridas deixe lá mesmo

Quero segui me tratando para o mundo

E tentar não me desafogar com o ar que me resta

E, então poder abraçar até que mais me detesta

Nilson Ericeira