A idade da alma

Uns tempos de luta e de
esperança

Uns tempos de choro e de
alegria

É tempo de alegoria!

O ser já não é ser e nem
alma

Pois do primeiro se
despede,

da outra, da pena

O melhor seria ser um ser
desalmado

Pois nem seria ser e nem
alma

E nem precisava de
salvação

Pois não seriam alma e ser
que não existem,

não penam

Mas ainda bem que há um
tempo presente

Uma gente que sente e se
ressente

Gente sã que não se deixa
desviar

Acredita que aqui se faz
aqui mesmo se paga

Que não sejam penitências,
pois alma não tem

Enquanto isso, vaga a
essência da alma em vão

Traça até conjecturas do
céu

Eu, moribundo, desacredito

Pois sem pé e sem cabeça,

a alma nem corpo tem

  Nilson Ericeira