Eu conto
contos miúdos
Conto
coisas minhas
Coisas
miúdas
Tão
pequenas a não se enxergar
Nem sentir
Umas que
só significam para mim
Outras
sem o menor significado
Insignificantes,
portanto
Os chamo
de poemas!
Tamanha
a pretensão
Mas sei
que posso nomear as minhas arbitrariedades
Da forma
que melhor me couber
Mas sei
que há quem se ofenda
Falo dos
meus caminhos
Dos que
passaram
Dos que
não existem mais
E de uns
eternos
Por
vezes, sinto-me um palhaço do meu próprio espetáculo
Um bobo
Sou
protagonista, produtor, artista, coadjuvante, contrarregra…
E desço
à plateia
Escuto as
minhas gargalhadas de mim mesmo
Eu sou o
eco da minha própria vida
Se tem
alguma vantagem
A de o meu
espetáculo não incomodar a ninguém
Então me
pinto com as cores do meu coração
E me
desfaço dela na minha ilusão
Sou
arco-íris e céu cinzento
Eu sou
ator da minha vida
Então,
sou um narciso
Eu mesmo
me maquio
E me
aplaudo
Ah, isso
também eu posso
Ericeira
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