Apátrida

Não
convide um apátrida para tomar suas decisões

Pois
enlameados e atolados não saberão representá-lo

Furtam-se
da verdade e vivem a escalar palavrões

Seduzem
para mal como se fosse o enfeite do bolo

No
recheio, mentiras e incertas, tolices…

Cutucam
as nossas feridas e nos ferem de morte

Pois são
uns apátridas!

Vivem a nos
espezinhar nossos pés descalços

Pois
trazem além da peçonha das cobras

Lisos e
perigosos, uns parricidas

Matadores
em série

E nos
coroam com o mal do século

Febris e
sem sorte, o povo desfalece

Somos
uns apátridas de pai, de mãe, de filhos, de colaterais

Estamos
órfãos, certificamos o nosso destino

Fizeram-nos
gado, nos currais, nos alheamos

Mas com-vida,
não devemos nos dilacerar completamente

Pois
desmentem os ociosos e preguiçosos

Dementem,
nos acertam em ondas

 Nilson
Ericeira