Prece-poema

Acordei
com saudade de você

O
tempo frio não me desconcentrou

Nem
mesmo na aurora em nossa cidadezinha

Sentei-me
no mesmo banco, na mesma praça

De
frente para a igreja

E
a matriz que nos vigiava solenimente

As
andorinhas já se punham em seus cantos

Para,
após algazarra febril,

Silenciarem…

Abrigos,
moradas que as gerações cultivam

O
rio, o tempo, o ar e o céu me embebeciam por ti

Hoje
me nutrem de saudades

E
ativismos.

Num
instante, olhei para mim

Vi-me
ao teu lado

Iguaiszinhos
naquela aurora

Quando
contávamos nossas histórias,

Nossos
encantos e sonhos…

Olhei
para ti, projetei-me novamente naqueles sonhos

Sonhos
pueris, de meninos

E,
em minha bicicleta velha, velozmente

Em
pensamento fui a tua direção

Ao
teu encontro

Vi-me
na praça fazendo hora para vê você chegar

Com
aquele traje colegial

Rosto
de menina, passos de uma musa

E,
como se, em minhas mãos, pudessem cruzar o que

No
pensamento já se formara: o amor

Amor
menino, pueril, intrépido, feliz!

E
via-jante em sonhos

Sonhos
que naquela praça vão-e-vêm

Em
outros ‘afagares’, em outros toques e risos

Vão
e vem, divagam noutros encontros e

Desencontros
que a vida faz,

Mas
nas tuas mãos seguro ainda

Em
cordas vocais

São
veias aortas que me unem a ti

Refugiados
num tempo pulsado no coração

Em
outras cores e tons de um querer eterno

Que
faz, fez-se em ti

E
é essa morada em mim.  

   Nilson
Ericeira