Arari, amor ou quase um protesto

Arari de
tempo em tempo

Arari
tem gente nobre

Tem
esnobe

Tem a
delícia do peixe

E
espinhas

Tem pitiu
e o deliciar

Tem
canôa que corre

E a que
encalha

Tem gente
boa

E
canalhas…

Fartura
e fomes

Arari
tem de tudo

Um
paraíso que beliscar o rio

E o lixo
correndo pro mar

Tem
assaltantes que arrobam os cofres

Tem quem
cure, quem reze,

quem
encomende o corpo

Então,
Arari jaz…

Tem uma
gente inteligente

E uns
poucos hipócritas

Tem
barriga cheia

E os de
se ver até as costelas

Tem
sementes

E gente
que ‘só-mente’

Há ‘políticos’
de cara lisa

Onde não
há políticas!

O vazio
e o eterno

O
sagrado e profano

A graça
e a desgraça

Existem
meninos que imploram

Há uns
que já nasceram ‘nobres’

Uns
endeusados

Outros ‘mal
criados’

Ali
tem-se de tudo

De
vestidos a seminus

Têm-se
malhas pra todos os peixes

Quanto
maior o cardume

Bem
maior a ganância

Em
Arari, o céu é azul

Ou
cinza-escuro

Para uns,
para outros, para todos

Tem
pororoca e muriçoca

Aqui tem
poetas e escritores de fina escrita

E os que
viajam na maionese

Arari em
graus, degraus…

Eis aqui
um paraíso completo

Repleto
de paradoxos

Mas antes
que seja tarde declarar

Amamos
este lugar

 Nilson
Ericeira