O
indigente
Se você
vê um maltrapilho pelas ruas
Não se
espantem
Uns os
colocaram lá
Por ação
ou omissão
Por
missão ou por maldade
Se você
vê um sem casa, sem teto, sem chão
Se não
por acaso, falta de política efetiva
Falta de
justiça, amor no coração
Se você
escutar algum grito
É alguém
denunciando a podridão
Se o
vivo ao relento e quase não aguento
E de se
me desprezam, saibam sou gente
Sou
gente que fede e que cheira
Agora,
distanciam-se
Antes me
adoravam, bajulavam, endeusavam
Ainda
que sei do que me vestir
Visto-me
de dignidade
Minha
face é oculta
Mas olha
só o que me fizeram
Ericeira
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