O indigente

O
indigente


Se você
vê um maltrapilho pelas ruas

Não se
espantem

Uns os
colocaram lá

Por ação
ou omissão

Por
missão ou por maldade

Se você
vê um sem casa, sem teto, sem chão

Se não
por acaso, falta de política efetiva

Falta de
justiça, amor no coração

Se você
escutar algum grito

É alguém
denunciando a podridão

Se o
vivo ao relento e quase não aguento

E de se
me desprezam, saibam sou gente

Sou
gente que fede e que cheira

Agora,
distanciam-se

Antes me
adoravam, bajulavam, endeusavam

Ainda
que sei do que me vestir

Visto-me
de dignidade

Minha
face é oculta

Mas olha
só o que me fizeram

   Nilson
Ericeira