A caricatura

O
fruto do amor se tivera

Se
vez em invernos, verões, primaveras

E
no outono se fez outra vez

No
ciclo da vida eu vi nascer e morrer

Tanta
gente que vai e que fica

A
partida dói muito mais que a despedida

As
flores murcham, o amor entristece

Os
dias parece morrerem

Pois
é o amor que se vai

O
que fica no coração edifica

Até
já perdi a conta do tanto que sofri

Nem
pareço ser um ser normal

Afinal,
tudo é igual

Um
dia a gente chora e logo sorri

Só-rimos
de tudo, até do que não se tem

Acho
mesmo que sou um pobre coitado

Vivo
a procurar as fontes que estão em mim

E
ainda me iludo com promessas de amor

Sou
tão pequeno a ponto de não saber da minha estatura

E,
a esta altura da vida, só tenho medo de me despencar

Pois
sei que para chegar ao andar de cima não adianta só rezar

Temos
que ter amor e compaixão e saber perdoar

Por
isso que eu digo que a minha pobreza me levará ao abismo

Ainda
bem que sou fonte e sei para onde ir

Mas
se por acaso ouvir a minha voz

Procure
escutar, pois eu vivo a gritar

A
grita que trago comigo não está só na voz

Mas
em tudo que vejo, que escuto, percebo e sinto

Não
adianta disfarçar nem quer se negar

     Nilson
Ericeira