A AZEITONEIRA DA MINHA INFÂNCIA

Memórias póstumas de Paulo
César Ericeira (PC Ericeira) – Editado pelo Jornalista Nilson Ericeira – preservando
a essência e o estilo do texto. O texto foi escrito em 2015.

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A AZEITONEIRA DA MINHA INFÂNCIA

Nas minhas viagens a
cidade de Anajatuba, vejo colado à estrada vários pés de azeitoneiras. Todas
carregadas com o fruto de cor roxa e com galhos e pontas ao chão. Assim crianças
e pessoas de várias idades apanham o pequeno fruto e comercializam ao longo da
estrada.

De tanto ver e comprar a
azeitona, veio à minha mente a azeitoneira do quintal da senhora Casilda Rosa
Chaves Fernandes Ericeira, nossa querida mãezinha Sinhá. O pé de azeitona era
imponente e se destacava pela sua grandeza, tanto no tamanho como na
fertilidade de frutos. Dela já se esperava todos os anos fartura em seus
imensos galhos. Eram tantos que se confundiam com as folhas. Ali pequenos
pássaros tinham o almoço e o jantar garantidos, faziam algazarra ao anoitecer,
pois no dia seguinte tinham mais azeitonas deliciosas para saciar a fome
daqueles pássaros alegres que, sinfonicamente, retribuíam com sonoros e lindos
acordes.

Mãezinha era muito
cuidadosa com o seu quintal, pois permanecia sempre limpo e bem arrumado, com
roseiras de todas as tonalidades e formas, com cheiros de encantar e preservar
os mais lindos colibris. Por falar neles, era o pomar de Sinhá que mais visitavam,
uma vez que tinham a certeza de um bom néctar e a tranquilidade de poder voar e
sobrevoar naquele lindo pomar.

Mas era na azeitoneira o
nosso grande point, pois dela passávamos a maior parte das nossas tardes vasculhando
os frutos e curtindo os doces da nossa mãe Sinhá. Quando cansávamos de comer
dos frutos e a língua mudava de cor, enchíamos a boca de água para descer com
mais leveza. Era assim as nossas tardes ao lado da azeitoneira e o pomar de
nossa mãezinha.

Do outro lado, na casa do
Senhor Jorge Oliveira, mangueiras de mangas-rosas enfeitavam o quintal de Dona
Diquinha, nobre senhora de uma conversa sóbria e que fazia juntamente com a
nossa avó um par de mulheres que fizeram história em nossa cidade.

Hoje, não mais podemos
usufruir dessa furta assim como da amizade sincera dessas duas mulheres que
Deus levou. Certamente com ele, também possam plantar e colher roseiras, azeitoneiras
e o amor divino que deixaram em nossas vidas.
 

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