Um rio ungido de amor…

Mas
se esse rio me domasse e me levasse.


A quem eu desejasse e se eu pudesse.
Água abaixo e água acima…
Descendo em mim correntezas, maresias, enfim.
Éguas meu!
Eu estaria a descer nas águas do Mearim.
Meara no meu coração, que eu até me alagaria.
Mas se esse rio me trouxesse quem me prometera.
Talvez eu quisesse descer e subir o rio cantando
canções de amor.

Mas esse rio não é só meu, e teu, meu, é nossa
fonte de vida.

O rio desce, a água aparece, o dia vem, a noite
anoitece.

Eu no ocaso esperando você chegar aqui neste lugar
e me abraçar.

Outra vez no balanço, banzeiro das marés.
Mas como é que é, eu agora já sinto muriçoca em
marés de pororoca.

Mas antes que me despeça eu te peço, me dá esse rio,
me dá alegria.

Que te devolvo o remanso,

a maresia e a pororoca e até muriçoca pra
levar o sangue nas veias do meu amor.

Vai por rio à fora que eu fico com o rio aqui
dentro do meu coração.

Fazendo do meu peito tua morada, a nossa estação.
Vai e leva contigo a cantiga, a anedota que eu vou
dizer pra dona Biloca que vi maresias em mim.

E quando eu te vi fui logo te abraçar.
Acho encontrei um rio dentro de mim cheinho de
amor,

vazando água do convés à prôa inteirinha
para em ti derramar meu amor.

Éguas meu, tudo isso é só pra te amar!

 Nilson Ericeira