Episódio
de hoje: Ócio e Néscio: concurso de cusparada corrida de saco na Festa dos
loucos
Certamente
rir e fazer rir não é uma profissão, mas uma forma inteligente de se dá bem,
pois há quem viva de se divertir das pessoas em volta da Casa Grande. Quanto
melhor a piada, mais pontos obtém com a chefia. Então, o importante é está ao
lado ou bem próximo de quem detém o poder, para tanto, nada importa, nem mesmo
ter sido chamado de ladrão um dia. Mesmo que tal corroboração haja testemunhas,
mesmo com seguidos pedidos de desculpas.
Que
moral que nada, quem está se importando com isso, o importante é viver das
benesses. E o passado? ‘Eu comendo e meu cavalo comendo, não me importa que tu
morras’! Essa é a ‘filosofia’ de vida, para os amigos, tudo, para os inimigos
os rigores da lei. Olha só, como ‘ele’ fica bem ao lado ‘dos homens bons’! É
lógico que se trata de uma ironia, pois no passado os homens bons eram
exatamente os edis, escolhidos à ponta de dedos.
—
Papai do céu, o que será que ronda no jardim casa da branca, pois nem saúva dá
dando lá pelos lados da Trizidela! Galanteou Ócio com seus olhos esbugalhados.
—
Tu mais parece uma coruja, pois agora me fez lembrar do papagaio do português! O
vidro de pimenta da casa do chefe que era só dele, por isso não ardia,
adocicava, disse Néscio Júnior.
—
Piadista né, deixa eu ser. Estou pensando é no nosso futuro. Com ar de
indignação.
Adocica
meu amor, adocica meu amor…
E
continuou:
—
Por isso que nós não vamos para frente, eu tapo um buraco na canôa, verte
outros. (Néscio Júnior)
Parari
parará, a conversa entre Ócio e Néscio quase sempre é em torno do que se passa
no Palácio dos urubus e adjacências: poder, dinheiro, orgias e badalações,
afinal, quem não é visto não é lembrado! E continuaram as especulações sobre a
corrida do puxa-saco:
—
Ouvi falar que vai ter uma gincana no Município do Azedão!
—
O quê, Onde? Por que? Quando? Quem? Como? Quando?
—
De jornalismo tu ‘entendes’, vamos participar, quero me inscrever na corrida de
saco, ou melhor, do puxa-saco?
—
E eu quero ir à disputada da cusparada!
—
E quem te falou que tem essa opção?
—
A besteira do besta é pensar que todo mundo é besta, cala-te boca.
—
Ih besta, rir e fazer rir sem graça nenhuma é mais difícil, mas agente se
acostuma e o prêmio é maior. E, além disso, emprega pai, emprega fio, neto, emprega
avó, emprega avô, emprega amigo, emprega tio, afinal, eu também sou da família,
eu também que me empregar…
—
Tem algum circo na cidade? Pegar um caniço e ir para a beira do rio pescar tu
não quer, só aí no defeso!
—
Dizem que boca calada não entra moscas, só por que tu ainda foi no lixão do
Azedão, ou melhor, chorume, lá entra mosca até no ouvido, se enrolam no teu
cabelo e tu tens que levar para casa!
Tsé-tsé,
ai que sono!
Ouve-se
dizer que a dita gincana está em fase de inscrição junto à secreta secretaria
de assuntos aleatórios e logo abrirá com disposição para inscrição via
internet. Antes, porém, teses e teses do que é Cultura, articular com senhor X
e senhor Y sobre as próximas eleições e quem serão os futuros candidatos, de
como se não fazer nada, receber bons salários e andar todo empolgado ao lado do
chefe como se fosse autoridade. Oh saudade de Odorico Paraguaçu! Mas pra contar
uma piada chama ele. Chama ele!!!
Mundinho,
Mundinho tu falas demais…
E
ainda sai dizendo: fulano não tem voto! Sicrano só tem o voto dele! E beltrano
tem a prole grande! Tu tem que falar com fulano de tal. Eu já te disse! Tu tá
brincando!
Bichinho,
bichinho, rir e fazer rir não é profissão, mas rende bons salário e peculiar
influência.
E,
ainda, põe em eterna dúvida se Capitu traiu Bentinho.
Então
apeia, que eu para falar a verdade, gosto muito mais de boi de que de gente.
E assim segue a vida platônica de Ócio e
Néscio distribuindo uma pauta dos costumes, numa pequena e lucrativa cidade do
Maranhão, onde o ego inflado provoca a ‘lasqueira’ do povo, em que o bolso da
direita e o da esquerda define o caráter. E até hoje, não se sabe quem deu a cusparada
mais distante, quem chegou primeiro na corrida de saco e quem foi, numa casca
de melancia até o outro lado do Mearim só para escutar passarinho cantar!
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