O meu labirinto

Por vezes penso que este meu ser
vazio consente e se cala


Nada diz e há muito sem graça
Não ser ver intruso e nem se quer influenciar
Finge não escutar outras vozes extemporâneas de mim
E finge também não escutar àquelas vozes que clamam
Pareço um zumbir a denunciar meus próprios
desatinos e enganos

É que nesta vida eu logo vi,

desde que
nasci, que a justiça é pouca

E eu sou cisco para que alguém me escute e reclame
Ainda bem que eu sou um poeta faminto…
O meu recheio de letras me dá mundos…
Às vezes eu até minto só para ver se me entendem
Mas sei que entre nós há uma distância enorme
Ainda assim eu colo o teu nome no meu
Pois pode ser que um dia me escute ou me enxergue
Agora mesmo vou voltar a mim mesmo para tentar sair
do meu labirinto

Eu espero que esse abraço que me prende nos braços
seja mesmo sentido

Pois só assim sobrevirei as maldades do mundo

 

Nilson Ericeira