Fome de saberes

Tenho
fomes, não sei.

Eu
sinto fomes, eu sei.


uma delas que me dedico agora, eu sei.

São
as de que mais tenho me superado, e não sei.

Tenho
apenas um fragmento de um oceano.

O
cisco que esvai, a folha que vaga…

Mas
se agigantam em mim.

Em
um tempo perdido, eu não sabia,

não
conhecia, não sei…

Tenho
fomes.

Agora
eu sei que não sei.

O
que sinto é que sinto fomes:

De
informações, de livros, Internet abcd(s) e de tudo.

Painéis,
letreiros, enfim.

Eu
sei que sinto fomes.

Nesse
devorar nem me compreendo.

E
menos do que se passa do lado de mim.

Em
mim tudo é vazio.

Imagino-me
numa ilha.

Como
que um fragmento vivo.

Às
vezes hediondo.

O
meu silêncio só eu escuto, sinto.

Mas
continua a evaporar das minhas entranhas umas fomes sem fim…

Fomes
de caminhos e signos.

De
lembranças e projeções.

Em
abecedários completos

Que
me aproximem de tantas pessoas e lugares.

Dos
que sabem fazer leituras.

E
dos que não leem também

Todos
somos leitores e sentimos vazios.

São
fomes!

Leitores
de mundos, comedores de informações.

Temos
fomes desiguais.

Eu
sei.

Nilson Ericeira