Quando eu me for
Antes da minha partida,
Arrepender-me-ei efusivamente
Louvarei a vida,
apesar de cansada
Pois sei sou um pecador sem nexos
E como veem, dislexo!
Não sei pra onde vou
Mas sem sentidos,
não sentirei dor
Ainda bem
Juntem-me, não peso tanto
Apesar de doce, da doce vida,
amarguraram-me
No último segundo,
Peço-lhes, não chorem
Apesar do meu desencanto
Fiz poemas, criei, escrevi, sonhei…
Talvez com algum valor
Ou sem valor nenhum
Lá eu sei que dormirei…
Ninguém quer ir
Pra esse lugar que não sei onde fica
Mas vivem a dizer que é bem melhor
que aqui
Se aqui há atribulações!
Como será descansar eternamente!
Uma coisa é certa,
não mais importunarei ninguém
E não embaraçarei a vida de seu
ninguém
E quando e me for não quero lágrimas
Pois somos humanos, não répteis
ou roedores…
Não haverá laudas
Não haverá textos
Não haverá sentimentos
A dor se dissipará…
E até a saudade será morta
Ah a saudade fingida!
Pois de estética em estética
O produto final é a hipocrisia
Uns me verão quieto e inerte
E certamente terão piedade
Oh como ele era bom!
Tão cedo ainda
Mas eu sei que nunca será tarde para
amar
Outros há muito me querem longe
Bem longe, quanto mais, melhor
Sei que vivemos de representações
Por isso, quando eu me for
Não chorem, poupem lágrimas
As reservem para um momento mais
condizente
Guardem ou armazenem para seus iguais
Onde haja sintonia entre o que se
sente e o que se expressa
Não se preocupem,
jaz há muito a alma já teria
anunciado
Mas de uma coisa é certa,
O que se faz agora terá validação no
íntimo de nós
Depois a carne apodrece
Dizem que é pó
O espírito renasce
Mas espero um só por uns segundos
É que eu não era afeito ao calor
Logo o estresse
Por favor, ainda não fechem a porta
E de toda a oração terei graça
Pois em tudo que é cultural me dei em
alegria
Agora, senhores, se apressem
Pois o nosso corpo fede
Mas se a flor aparecer
Eu indiferente,
não mais estarei
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