O labirinto de espelho II

 Eu queria ser melhor

Proponho-me a minha própria excreção

Pois da minha impureza me afasto

Mas sei me cubro com maldades

Não só pelo que me é pecado original

Mas também por um ser tão banal

Da minha dedicação me tenho dobrado

Mas de nada adianta quando a insana
insensibilidade perdura

Que mal eu fiz a não merecer nem
compaixão

Sei que sou um ser inacabado

E por demais me tenho pernoitado

Por vezes sozinho em mundos

Outras entre pessoas

Agora, ponho-me a reflexões tão
evasivas

Pois sei que não sou capaz de nada

Definha comigo meus gestos bons

Decompõem-se minhas partes

E em tudo vejo dilações

Pobre de mim, que nem cheguei,

topei em barreiras

Mas sei tenho culpa por ser tão bom e
leal

Deslocado num mundo que nega a tudo
isso

Melhor seria ser um contraventor de
regras

Ou mesmo ser um ser estéril

Talvez assim, melhor caminho teria

Não me resta outra saída,

a procurar saída neste labirinto

Mas ter calma é preciso,

pois de onde estou ninguém me pôs

Eu mesmo meu causei desalento

Nilson Ericeira