Humanos!

Quando
me divirto com a dor alheia

Quando
aprisiono o meu irmão

Quando
silencio a dor alheia

Quando
a minha dor escamoteio

E
quando a indiferença me tranca

É,
trancar-se em si mesmo e se tornar um ser estéril

Mas
quando a tempestade passar

Ficaremos
olhando os destroços

Mas
que troço hediondo

Mas
ainda assim, nos perguntaremos:

Onde
estou, com quem estou, o que procuro?

Como
não se indignar com o que passa ao seu lado

Importa-se,
talvez, só consigo mesmo

De
ego inflado, contas e mais contas bancárias

Mas
um ser solitário passando pela multidão

Quando
o teu coração não se estimular mais com a presença dos outros

Quando
verter ódio em teus olhos

Quando
o teu ser intoxicado

E
quando o Poder, tudo pelo poder

É
sinal de degeneração humana

Portanto,
não podemos ser seres humanos

E,
finalmente, quando a tua consciência não doer

Quando
o teu riso for só aparência

E
quando dos teus lábios, blasfêmias

É
que o teu ser não te couber mais

Portanto,
inerte no mundo

Ainda
assim, não se preocupe,

Pois
há os que te enalteçam

É
que há pessoas iguaizinhas a ti

Do
mesmo molde, da mesma fôrma

Então,
atestaremos, somos seres desumanizados

 Nilson
Ericeira