Às vezes,
temos vontade de dizer tantas coisas.
Dizer
tantas coisas até supostamente esvaziar.
E eu
quero sempre dizer pois não sou coisa,
eu sou
gente.
Gente
que sente, de carne pele, ossos e sentimentos…
Mas há
uma gente coisificada à beira do abismo da imbecilidade.
Eu
sempre vou reagir por mim e pelos outros.
Pois eu
sou gente e gente gosta de gente.
Porém,
eu sei, que nem sempre é assim.
Tem
gente que finge que gosta do outro.
Eu
sempre vou me levantar e dizer,
pois eu
não nasci para ser submisso.
Omissos,
convenientes, superficiais…
Pois tem
gente que gosta de gente que se arrasta.
Uma
gente hipócrita.
E quanto
mais se arrasta mais a outra gente se regozija.
Eu não
aguento ser um ser passivo.
Penso
que gente assim já está se esvaindo e nem percebe.
Toda
gente precisa ter a sua autonomia.
Autonomia
de ser um pensante.
Reflexivo,
altivo, e, por vezes, antipático!
Para ser
um bom caráter não precisa pedir esmola ou mendigar.
Não
precisa rastejar…
A isto
chamo de indignidade, a nudez do ser.
Eu tenho
um desejo e uma ansiedade que tem me confortado.
Acho que
isso é vida.
A
inquietude com injustiças.
Mas sei
que contrair, assim como tantos bons, um clichê do que é ser bom e simpático.
Tomara
que essa minha antipatia fique só em mim.
Pois
prefiro ser hostilizado por caras e bocas a ser um medíocre.
Ah, se
eu não falasse, e se não me indignasse,
se eu
não escutasse.
Só se
meus sentidos me faltassem.
Já teria
ido para o ócio.
O ócio é
a sombra da mediocridade.
Ainda
bem, eu compreendo que a força que me rege não é minha.
O Ser
que se fez em mim não pertence a mim.
Não só porque
sou do mundo,
pois sou
da inspiração de um Ser.
E sei
que a razão da minha voz, fruto de inquietudes, não tem freios.
E nem
terá, mesmo que se fará de forcas,
de
ilusionismos ou coisas vãs.
Nilson Ericeira
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