Desejo manifesto II

Às vezes,
temos vontade de dizer tantas coisas.

Dizer
tantas coisas até supostamente esvaziar.

E eu
quero sempre dizer pois não sou coisa,

eu sou
gente.

Gente
que sente, de carne pele, ossos e sentimentos…

Mas há
uma gente coisificada à beira do abismo da imbecilidade.

Eu
sempre vou reagir por mim e pelos outros.

Pois eu
sou gente e gente gosta de gente.

Porém,
eu sei, que nem sempre é assim.

Tem
gente que finge que gosta do outro.

Eu
sempre vou me levantar e dizer,

pois eu
não nasci para ser submisso.

Omissos,
convenientes, superficiais…

Pois tem
gente que gosta de gente que se arrasta.

Uma
gente hipócrita.

E quanto
mais se arrasta mais a outra gente se regozija.

Eu não
aguento ser um ser passivo.

Penso
que gente assim já está se esvaindo e nem percebe.

Toda
gente precisa ter a sua autonomia.

Autonomia
de ser um pensante.

Reflexivo,
altivo, e, por vezes, antipático!

Para ser
um bom caráter não precisa pedir esmola ou mendigar.

Não
precisa rastejar…

A isto
chamo de indignidade, a nudez do ser.

Eu tenho
um desejo e uma ansiedade que tem me confortado.

Acho que
isso é vida.

A
inquietude com injustiças.

Mas sei
que contrair, assim como tantos bons, um clichê do que é ser bom e simpático.

Tomara
que essa minha antipatia fique só em mim.

Pois
prefiro ser hostilizado por caras e bocas a ser um medíocre.

Ah, se
eu não falasse, e se não me indignasse,

se eu
não escutasse.

Só se
meus sentidos me faltassem.

Já teria
ido para o ócio.

O ócio é
a sombra da mediocridade.

Ainda
bem, eu compreendo que a força que me rege não é minha.

O Ser
que se fez em mim não pertence a mim.

Não só porque
sou do mundo,

pois sou
da inspiração de um Ser.

E sei
que a razão da minha voz, fruto de inquietudes, não tem freios.

E nem
terá, mesmo que se fará de forcas,

de
ilusionismos ou coisas vãs.

 Nilson Ericeira