O mundo me parece do avesso

Não há mais espaço para o verso, a boa conversa, a prosa!

O mundo às avessas, como diria um certo amigo meu
É certo que o mundo cala, omite e emudece
Por certo os injustos não veem, não sentem, não ouvem
Ou fingem
Uns fingidos que não sabem o valor do verso
Pois não conhecendo o vesso
Menos ainda o anverso
Por isso versarei, versaremos, versei
Fui…
E serei esquecido
Por isso eu lhes digo, minha letras vivem
Pois versam em mundos
Mas eu sei que não há espaço para o mundo insensível
Calado, fraco e morno
Mas há os que gritam, que choram, têm ecos
Ecos de mim
E dos outros
E tantos outros que agora morrem
Foram-se sem ar, sem fé e nem piedade
Faleceram ainda em vida quando acreditaram em homens avessos
Avesso que sou à omissão
Peço compaixão aos cúmplices do mal
Aos protagonistas e fascistas
Pois sempre haverá hora para se arrepender
Quem deram eu não visse esse mundo mal, das trevas
Que em discursos mais parecem cordeiros
Mas, lobos
Por isso eu provo e comprovo que o mundo está do avesso
Nilson Ericeira