Arari: eu ceivo…

Arari: eu ceivo, tu ceivas, nós ceivamos…
Bate uma chuvinha sobre o torrão de Arari
Ecoam cantos de bentivis
Bate, bate na telha da casa velha
Folhas, flores, filhos e frutos
No ar um cheiro de terra molhada
Vento corrente em mim me enche de saudade
Doi-me ausências tão sentida
Ao tempo em que busco guarida no coração
Olho pro céu e vejo nuvens passantes
Imagino a morada de anjos no finito dos homens
Creio que chuva certamente trará consigo denúncias do descaso
Mas não nos fará esmorecer deitar pelo que justo e certo
Agora engrossa um pouco mais
É que nunca é demais esquecer-se de que se ama
E se o amor é chama acende fogueiras de bem dizer
Vejo que aqui em baladeira esticada, de tudo posso pensar
O que já passei, o que passa é passará 
Passarada em algazarra querendo asas molhar
Por isso já vou ancorar meu barco
Até que tempestade me prometa passar
Nilson Ericeira