Abraços intransferíveis III

Porque
existem seres tão especiais que não podemos transferir nossos mais afetuosos
abraços e maturamos em nós para em breve transferi-los!

Porque
as pessoas se procuram e sentem falta umas das outras. Melhoram suas relações,
lubrificam seus corações, quando se dispõem a amar umas as outras. Mas é
momento de nos guardamos e nos resguardamos.

Hoje
estamos ‘sitiados’ pela pandemia que nos proíbe nossos literais abraços,
enlaçares físicos com aqueles que fazemos tanta questão. Que nos reconhecem e
nos amam… Todos passamos por este momento de extrema dificuldade, não somente
por não podermos nos abraçar, mas termos que evitar contatos. E se isto nos custa
o sacrifício de dias de saudade e de desejos, remete-nos a um sentimento
simbólico de que nos sintamos abraçados uns aos outros. É que sem as pessoas
que queremos bem e fazemos questão delas em nossos convívios não nos sentimos
bem.

Penso
que os enlaces a que nos permitimos formar são inquebrantáveis, porém precisam
do oxigênio do amor…

Precisamos
guardar lá no fundo dos nossos corações os nossos abraços intransferíveis e,
enquanto não podemos fazê-los, os enviaremos ou transferimos em doses de
saudade e ternura, para àquelas pessoas sem os quais não completamos a nossa
felicidade. E, de certa forma, temos nos torturado em nome do nosso próprio bem
e do bem das pessoas, quando evitamos visitas, aglomerações, conversas próximas
e usamos as nossas máscaras que, em nada escondem a nossa beleza interior, mas
pelo contrário, demonstram o quanto nos amamos e amamos os nossos semelhantes. 

É
que o amor significa e ressignifica e formando o tecido da vida…

Cada
abraço dado é diferente em cada pessoa receptora do abraço ou em cada ser
acolhedor, por isso que, por mais que demore, temos a esperança e a fé que logo
transferiremos a nossa carga de amor e apreço a quem de fato amamos.

E,
nesta ação, não somente um sinal d
e respeito e querer bem, mas sinal de
humanidade, pois o momento requer ‘responsabilidades’. De todos. Neste
contexto, enxergamos os outros como parte de nossas vidas, integrantes que são
do nosso tecido humano.

Recebam
agora o meu mais sincero abraço simbólico enquanto maturo em mim o desejo de
logo abraçá-los literalmente.

Tecer
a vida todos os dias requer aliados que nos ajudem a formar malhas, ou melhor,
abraços.