Medo de amar II

Temo que esses laços me atinjam

Que os
teus braços não me abracem

E que
não tenha o teu amor em mim

Temo a
iminência da solidão

Eu temo
o vazio do quarto

O ensaio
e arremedos de amor

Apenas
as cenas sem os atores principais

E que da
minha janela eu não te veja mais

E assim
não mais me encontrar no amor

O amor
de quem tanto quisera

E
encontrar razões para temer a ausência de quem amo

E me
debruçar sobre meus anseios ao passar dos dias

Nessa
inconstância de amar

Eu não
temo continuar te procurando

O que dá
medo é emudecer meu coração para ti

Pois de
tantas incompreensões

Meu
peito pode fingir não mais sentir

E meso
sofrendo e querendo, calar sentimentos tão especiais

E assim
temer te dizer que ainda te amo

Mesmo
que no peito amor sentindo

Ainda
que no meu peito atingido

Meu ser
esquálido e em devaneios

Mesmo
que me resto apenas os meus mundos

O teu
ser em mim em sina

Mas
pobre de mim, que de tanto medo tenho

Que por
vezes em covardia e taquicardias

Meus
dias sem ti

Venero-me
ao um ser sem vida

Que
desaparece em plena luz do dia

Ofusca-se
sem tê-la aqui em voz e matéria

Vou
assim, escondendo-me em mim mesmo

Feito um
covarde assumido que, mesmo sentindo,

o amor
me tem negado

E negar
a si mesmo é covardia máxima

Daquelas
que sabe que o amo existe

Mas
ainda assim, esconde-se!

 Nilson
Ericeira