Um despossuído

Nu,
sem vestes

Descalço,
com pés ao léu

Vendo
coisas,

criando
vultos

No
caminho só


mente

Um
inventor de causos

Perdido,
tateando

Sem
rumo, descamisado

Ilhado
em si mesmo

Réu
confesso de seus desatinos

Excluído
completamente

Pobre
de espírito

Um
pobre homem pobre

Que
vive a iludir-se

Tão
completamente despido

Que
nem se sente

Ressente-se

Mas
nem mais dor sente

Veja
o que a vida lhe fez

Pois
no coração não há filtros

Consumido
que está

Na
seca esperança de amar

   Nilson Ericeira