O canto da noite

O
canto da noite é silêncio

Enche
e vaza

Na
mesma dimensão do meu coração

Mareja
água nos olhos

O
canto da noite canta

Produz
ecos em mim

Questiona,
inquire, incute…

Vai
buscar quem mora longe

Faz-me
menino

Corre
ruas

Produz
sons

E
silêncio

Silêncio
que fala

Dos
que dormem, acordam, sonâmbulos

O
silêncio da alma

O
canto da noite

O
canto que encanta

Sombrio,
o brio

Padece,
sobe e desce ruas


vertigens e

Vaga
feito vaga-lumes

Some
feito andorinhas

Voltam
feito verões

Colorem
em invernos outonos

É
primavera!

É
multicolorido

E
escuro, monocromático

É
o resto da tinta

A
lasca da vida

Enigmático

Pois
vive a se descobrir

Encobre-se
no peito paixões

Divaga,
alucinações…

O
canto da noite é o silêncio com ecos!

Ecos,
lugares, ares, mares…

É
tarde e cedo

É
começo de dia, fim de noite

É
a essência dela vindo pra mim

   Nilson Ericeira