Um poeta moribundo

Hoje
eu sair lá fora

Espiei,
espirrei, surtei…

Percebi
que o mundo devora o mundo

As
pessoas

Os
sentimentos

Todos
e todas passarão

É
redundância esdrúxula

Mas
as coisas sem vida ficarão


fora eu vi o mundo para cima

E
parecia desdenhar de nós

O
mundo aqui da terra enterra os homens

Que
teimam em desafiar a Deus

Pra
baixo, homens de cabisbaixo
Farejando farelos…

Eu
me vi em mundos

Porém,
sei ser mais um cúmplice desse desamor

Então,
olhei para mim e tentei me redimir

Orei,
orei, olhei, olhei, escutei, escutei, escutai…

Mas
já era tarde

Olhei
para o tempo a ermo

Não
conseguir capturar

Em
alto mar, à deriva

É
que meus mundos me alagam

Afogam-me
em mágoas

E,
assim, não capaz de me compreender

Antes
padeço, cerco-me,

coloco-me
em labirintos

O
que escrevo, páginas da minha biografia

Sem
nenhum sentido

Mas
consentido

E
se te dou meu doce

Sopra-me
no vento

Então,
fragmento

Degenero,
mas te espero

Pois
sou de carne

E
dizem que a carne era o verbo

Reverberarei
o amor em mim

Apesar
dos pesares

Deverei
pisar no chão

Pois
o teu amor: descaminho

   Nilson
Ericeira