Toscas lágrimas sem nenhuns sentidos
Encontram vazão nos desatinos
E no meu coração ofegante
Ali, bem distante de mim
Parece desgarrado desse eco natural
É que a minha face nua
Por vezes tão cínica e dissimulada
Sem pudor e sem pressa
Finge que dor não sente
Mas tem me consumido vagarosamente
Ao passo do tempo e com a leveza do vento
Tem me levado ao vento
Melhor seria aos léus,
mas sei não acertaria a porta do céu
Antes seca, que rocha me seria
Talvez fosse assim mais firme ou mesmo andaime
na minha vida
Ah lágrima fingida!
Por que não se derrama toda
E me diz que teu nascedouro é angústia
Pois se eu tivesse sorte
Antes nem vida teria
Assim vive a alargar meu ser
Talvez então, de falta minha ninguém sentiriam
Pois desconheço alma vivente que me abrigue
Que faça conta de mim
Ou me procure mesmo que no escuro
De tão fraco, franzino, inútil e pequeno
Ao ponto de viver a conter lágrimas minhas
Nesse ponto, não nego, sou egoísta
Pois as quero só para mim
Antes fosse sangria, pois de vermelho me
tingiria
Nem sentiria então, o gosto desse sal
Pois eu sei que meu ser sem asas e alma,
planta-se
Igual bicho morto à deriva
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